Farejando a trilha.

Ellora e Nelai ouvem apenas duas batidas sutis na porta pela qual entraram para dentro da nave ágil de resgate, com um modelo aerodinâmico perfeito para cortar a noite de Tuntau com perfeição e ao mesmo tempo chegar rapidamente em seu destino. Dentro dela, uma pequena equipe de três homens é instruída de acordo com as informações da Zathriana.

Com a compressão equilibrada da nave, as garotas nem mesmo sentem a rápida aceleração e nem sequer os movimentos sutis que o habilidoso piloto realiza para conduzir a nave por entre os rochedos do planeta. Por enquanto, nenhum sinal sequer da nave de sucata feita por Drodag.

— E então. — Comenta um dos dois homens presentes nos assentos traseiros junto com elas. — O seu líder mencionou um Garesiano dentre os prisioneiros a serem resgatados. Os Okros detestam essa raça, mas eu achava que os Zathrianos os detestassem ainda mais. Suas amizades são estranhas.

Ele parece mal-humorado, e sua frase é quase uma ofensa da maneira que é proferida. O agente não entende porquê precisa resgatar um Garesiano que provavelmente é membro da Aliança.

O seu companheiro, recostado na parede, olha com desejo para o corpo de Nelai. Muito tempo servindo a uma causa sem fêmeas por perto altera os sentidos de um macho, mas ele tenta disfarçar caso ela perceba. De um jeito ou de outro, não é problema tentar e ele dá uma leve piscadela para a Kaarteoniana.

*Ellora cochilava tranquilamente onde estava sentada, mas logo que ouvia uma movimentação em volta dela, abria os olhos e olhava para a janela rapidamente, já conseguindo se localizar.
Ouvia a voz do homen perto dela e logo se virava, acabando por levar a destra até os próprios olhos e os esfregando de leve para espantar o cansaço inicial de quando tinha acabado de despertar, depois abria um meio sorriso educado para o homem, e dizia de uma forma tranquila, não parecendo se incomodar com as palavras do mesmo.*

- Oh, mas eu sou mestiça, uma parte minha é Zathriana e apesar de eu ter herdado alguns traços, digamos que geralmente sou mais odiada do que odeio. E esse homem em questão, pode ser um aliado. E estou feliz de resgatar as outras pessoas também...

*Ela se interrompia por um breve momento e espiava a janela, tentando ver se encontravam algum sinal da nave feita de sucata, ou de alguém que estivesse no veículo, mas depois voltava sua atenção para o homem com quem conversava, estendendo a destra de uma maneira educada e amigável.*

- Desculpe meus modos, não me apresentei. Olá, eu sou a Ellora, é um prazer te conhecer e ter sua companhia nessa missão... minha amiga se chama Nelai;
Na verdade, é um prazer conhecer todos vocês

*Ela sorria e logo olhava para os outros, com uma expressão educada e os olhando de uma forma, que ficava claro que ela estava realmente sendo sincera com o que dizia.*

Os soldados aquietam-se temporariamente depois que a nave passa por uma leve turbulência que a desequilibra, mas apenas momentaneamente. Com o controle do habilidoso piloto, o veículo volta a seus eixos de aerodinâmica e prossegue no caminho.

A chuva densa do lado de fora pode assustar um pouco, afinal cobre quase todo o perímetro visível. Lá embaixo, é visível que o ácido corrosivo muda e deforma grandes porções de terra, além de provocar deslizamento de uma lama provavelmente perigosa pelos pequenos morros que varre. Vendo de cima, é possível entender porquê é tão difícil os Okros construírem uma cidade própria ou até mesmo concentrarem-se em algum lugar.

Nenhum dos três agentes parecem respeitar uma hierarquia, indicando que são todos do mesmo posto. Aquele que indaga Ellora parece mais carrancudo, ao passo que o piloto parece silencioso e, o último (mais novo), simplesmente está interessado em Nelai até o ponto em que ela o envergonha.

— Eu sou Ghorata e esse é meu irmão Xabuo. Nosso piloto é Onu, mas nós não sabemos muito sobre ele. — Responde aquele diante da Zathriana, ainda com a cara fechada. Seu irmão, envergonhado por ter o flerte denunciado, prontamente recompõe a postura diante do mais velho. — O que sente em relação a sua raça? Não te incomoda saber que estão fudidos hoje por causa dos avós e bisavós do cara que estamos indo resgatar?

Xabuo (Lê-se "zabuo"), o mais franzino e novo dos dois irmãos, cumprimenta as duas moças com a cabeça, agora tentando manter a compostura diante da bela a sua frente uma vez que a primeira investida não funcionou. Entretanto, seu interessa nela permanece.

— Ahm... eu nunca te vi. De onde você vêm? Não me lembra nenhuma linhagem específica, mas é sem dúvidas muito bonita.

- Está tudo bem Nel, cada um tem sua personalidade não é mesmo?

*A mestiça sorria e esticava a destra, dando um aperto gentil no ombro da companheira de time, depois voltando a atenção por alguns minutos para o piloto e se segurando no banco durante a turbulência, aproveitando para lançar um olhar pela janela, tentando ver alguma coisa através daquela chuva densa e ácida, torcendo para que as pessoas que estavam procurando não estivessem expostos àquele tempo perigoso. Será que se estivessem pedindo ajuda, ela conseguiria ver ou ouvir alguma coisa? Mesmo estando na nave e com aquela chuvarada toda? No fundo, ela torcia para que tivesse pelo menos um sinalzinho que fosse.*

- São nomes bonitos, bom.. uma coisa que já sei sobre Onu agora, é que ele sabe pilotar muito bem!

*Ela realmente ficava cada vez mais impressionada com a habilidade que o piloto tinha em conduzir a nave, principalmente naquela chuva e a forma como fazia as manobras, continuando a manter a nave no curso certo.
Ela voltava a se virar para Ghorata, pensando por um momento sobre a pergunta do mesmo, logo respondendo com o tom de voz tranquilo.*

- Hm.. na verdade, acho que não devemos culpar as pessoas pelo que os pais e avós fizeram...sabe, todos nós podemos escolher se seguimos os passos deles ou seguimos o que acreditamos.
Além disso, muitos da minha raça não aceitam bem a relação dos meus pais e o fato de eu ser mestiça... bom, se for ver por esse lado, a maioria que conheci não aceitou

*Ela acabava dando uma risada baixa e suave, lembrando de várias situações em que havia sido excluída por ser mestiça de duas raças, principalmente com um pai Zathriano. Ainda assim, mantinha a tranquilidade de sempre, demonstrando sinais do treinamento que tinha tido com os Miistimerianos.
Depois de alguns instantes em silêncio, ela olhava Ghorata com uma expressão curiosa, voltando a dizer amigavelmente.*

- Você não sorri muito não é?

— É, ao menos ele é bom nisso. — Diz Ghorata, dando de ombros em seguida. — Uau, você realmente é piedosa. Bom, pelo que diz, deve ter seus motivos. Mas deveria tomar cuidado, ninguém costuma ser piedoso por aí. — Finaliza sério, enquanto acomoda-se no assento.

Através das janelas da nave, mesmo com o clima atrapalhando-lhe a visão, Ellora pode ver que agora a nave sobrevoa por dunas. Na areia, pode notar pegadas de formas desconhecidas por ela. Dentro da nave, Xabuo parece ainda mais sem graça após a nova resposta de Nelai. O rosto do jovem enrubesce, e ele desvia o olhar por alguns instantes.

— Desculpe, não achei que a pergunta seria incômoda. — Pede, criando coragem para olhar diretamente para a moça mais uma vez. — É claro que você sabe, como não saberia, né? Eu só... achei que seria bom reforçar. — Finaliza, já se embolando todo.

O mais jovem olha para o irmão desesperado, como que um pedido de ajuda silencioso. Ghorata apenas balança a cabeça negativamente, desaprovando-o. Ele também nada responde à pergunta de Ellora, mas Xabuo parece encontrar nela uma boa deixa para desviar-se do assunto desconfortável com Nelai.

— Não me lembro da última vez que vi Ghorata sorrir. Ele diz que é perda de tempo, e que há coisas mais importantes pra fazer. Blá, blá, blá... — Comenta o garoto, revirando os olhos.

- Digamos que tento ser piedosa enquanto se é possível, as vezes o diálogo pode ser uma boa maneira de resolver algumas coisas... porém, não nego que outras vezes, infelizmente temos que ser mais rígidos;

*A mestiça suspirava no final da frase, parecendo meio desconfortável com o fato de as vezes não ter como resolver as coisas tentando conversar, mas ao mesmo tempo demonstrando que possuía certa experiência em ter que usar a força. Talvez fosse o treinamento com os Miistimerianos que tinha deixado ela ter mais controle de suas emoções e ações, com seu lado espiritual mais aflorado e a meditação de anos treinando, ajudando bastante nessas horas.
Ao ouvir as palavras do irmão mais novo de Ghorata, ela se virava para ele e sorria de uma forma gentil, com uma expressão pensativa na face, estando intrigada com o que ele havia revelado sobre o mais velho.*

- Oh, que diferente! Acho que sorrir sempre nos ajuda nas melhores e piores horas, as vezes até pode contribuir para passar segurança e auxiliar em certas situações que precisamos parecer amigáveis..
Viu? Acaba não sendo perda de tempo não é?

*Ellora lançava um olhar pela janela e de repente ia mais para frente, com uma expressão agora ansiosa e animada, chegando até a ficar de pé por um momento e fitando algo de um modo concentrado, se esquecendo até do que estavam conversando naquele instante.
Após um breve minuto de silêncio, ela voltava a sentar e apontava na direção das dunas e das areias, tentando fazer os outros verem as pegadas e dizendo animada.*

- Pessoal acho que estamos perto! Olhem, tem pegadas ali na areia.. Nel, será que eles estão machucados? Talvez tenham caído por aqui...
Ghorata, Xabuo, Onu, será que podemos descer para investigar?

Pela primeira vez, Onu se pronuncia. Deixando a nave em sobrevoar lentamente a área, num ambiente favorável para que o piloto automático assumisse, ele volta-se para o grupo que está do lado de trás e revela-se fora do cockpit. 

— Se voarmos baixo, corremos o risco de sofrer o impacto do deslizamento de terra causado pela chuva. Se descermos, podemos nos deparar com um Coffinvine ou algo pior. — Apesar do tom formal do piloto, os dois irmãos entreolham-se, claramente com medo do monstro citado. — As duas parecem ter sido escolhidas como líderes dessa missão de resgate. Decidam-se e me avisem.

Dessa vez mais alarmados, os dois juntam-se para olhar pelas janelas. Com o ritmo lento da nave, tanto Nelai quanto Ellora podem ver que, ao redor das pegadas que são lentamente apagadas com a chuva, um grande rastro se estende até um grande cânion, como se algo grande tivesse se arrastado até ali.

- Acho que tem razão Nel.. hm, talvez...

*Ellora parecia realmente pensativa agora e mordia o lábio enquanto refletia, fitando os outros de uma maneira mais séria agora, embora sua face mantivesse aquela aparente tranquilidade de antes.
Tornava a olhar para a janela e depois para Onu, se recompondo da surpresa que havia tido ao ouvir ele se pronunciar pela primeira vez desde que tinham entrado na nave.*

- Onu, podemos seguir essas pegadas e aquele rastro mesmo com essa distância? Assim não precisamos descer por enquanto e evitamos o deslizamento de terra... o que acham disso Nel? Pessoal?

*Ela olhava Ghorata e Xabuo além de Nelai, deixando claro que estava disposta a não excluir os homens, mesmo com Nelai e ela sendo as líderes da missão. Havia aprendido que era sempre bom ouvir o que os companheiros tinham para dizer, principalmente porque eles conheciam mais do planeta do que elas e isso a fazia pensar em mais uma coisa, inclusive após ver a reação que os outros dois tinham tido, depois das palavras do piloto.*

- Hm.. vocês podem nos contar o que exatamente é o Coffinvine? E o que tem de pior por aqui? Vocês não pareceram muito felizes de ouvir sobre esse possível encontro.

*A mestiça olhava para Nelai, buscando ajuda da amiga para que pudessem convencer eles a falar sobre o assunto, pelo menos para que elas tivessem uma ideia do que estariam enfrentando. Seja o que fosse, Ellora tinha um mal pressentimento, e torcia para que as pessoas da nave de sucata estivessem vivas, com ela sentindo medo que acabassem virando lanche de monstrão do deserto, e enquanto aguardava a resposta dos companheiros e da amiga, ela tornava a olhar a janela, se esforçando para ver melhor as pegadas e aquele rastro estranho.*

A criatura citada parece ser quase que algo mitológico para os dois irmãos, visto que surpreendem-se por conversar com alguém que não conhece o monstro. No momento que o mais velho aproxima-se para responder a pergunta de Nelai, Xabuo intromete-se de maneira acelerada e hiperativa.

— É uma criatura terrível! — Exclama com os braços abertos e os olhos arregalados. — Um verme gigantesco com milhares de dentes que pode devorar cidades inteiras. Antigamente achávamos que só tinha um e que ele morava no centro de Tuntau e matava todo mundo de tempos em tempos - mas descobrimos que têm mais da pior maneira possível.

— Não da para enfrentar um. — Completa o mais velho num tom mais sério. — Pelo menos ninguém tentou e sobreviveu. E eles costumam habitar grandes desertos como esse.

Conforme a nave segue, as pegadas se apagam com a chuva. O único rastro que ainda se pode seguir com certa dificuldade é o das grandes marcas que terminam no cânion.

— Posso seguir as marcas até certo ponto, mas a nave não pode passar pelo cânion. Ele é o nosso limite, e se quiserem investigá-lo... terá que ser a pé e no escuro.

*A mestiça permanecia em silêncio e olhando pela janela da nave enquanto iam seguindo as pegadas e o rastro, mas dando para ouvir o que os outros iam dizendo, desviando um pouco o olhar das pegadas para fitar os companheiros de missão, se surpreendendo assim que Xabuo revelava sobre o verme gigante.*

- Pelo rastro.. talvez ele tenha conseguido pegar a nave das pessoas que viemos resgatar, e saiu arrastando eles.. podem estar feridos...

*A mestiça tornava a lançar um olhar para o cânion e suspirava, se lembrando dos treinamentos com o pai e os Miistimerianos, e depois no treino mais pesado com Dalem, Zaret e a mãe de Heylel, e todos sempre deixando claro que em uma missão, principalmente de salvamento enquanto se tivesse recursos, ela não devia virar as costas para as pessoas.
Além disso, se eram mesmo quem eles achavam que estava naquela nave de sucata, talvez fosse importante ajuda-los, já que uma vez Nakir tinha contado que Drodag sabia de muitas coisas.
A Zathriana suspirava e dava para ver a decisão se formando no modo como ela agora se levantava, com uma expressão ao mesmo tempo resignada e decidida.*

- Não vou pedir para se arriscarem comigo, fui treinada e ensinada para continuar e cumprir uma missão, principalmente quando há vidas em jogo. Nel, lembra do meu pedido? Não quero que se arrisquem nem que se machuquem, e você ainda não se curou totalmente; eu posso continuar agora e tentar encontrar algo.. e ir distraindo qualquer criatura que encontrar;
E vocês podem ir buscar ajuda para nós... desculpa Nel, mas não vou abandonar essas pessoas, nem a missão

*Talvez Nelai e os outros não entendesse, na verdade, Ellora não esperava que compreendessem. Ela havia sido treinada para lutar pela causa, pelas pessoas e pelas missões que a ajudariam a chegar cada vez mais perto do que precisava para se desenvolver como pessoa e como parte dos que lutavam pela liberdade dos que queriam verdadeiros em vez de terem que ficar se escondendo e desistindo de suas crenças. Porém, também tinha sido ensinada a não abandonar quem estava precisando dela no momento, e na única vez que tinha feito isso por não ter escolha, havia perdido seu amigo além de Dalem, e sempre via os rostos deles nessas horas.
Antes de dizer mais alguma coisa, percebia que tinha uma mensagem e distraidamente tocava o próprio pulso, com a tela sendo selecionada e ao ler a mensagem de Heylel, suspirava, logo escrevendo a resposta para o albino:
“Consegui ver pegadas e um rastro de algo que foi arrastado, estamos nas dunas de areia.. parece um deserto. Os homens do Batu, nos contaram que tem um verme gigante com dentes por aqui, e acho que talvez ele tenha feito algo com as pessoas que viemos resgatar. Não tenho certeza, mas irei investigar, eles podem estar precisando de ajuda. Mas não se preocupa Heylel, sei que a Nelai ainda não está 100% curada, então eu sugeri que ela ficasse com os 3 homens e esperasse ajuda, enquanto vou indo na frente pra ver o que descubro.
Até breve, capitão.”
Ela logo clicava em enviar, e se aproximava de Nelai, a abraçando e sorrindo, murmurando.*

- Eu vou ficar bem, prometo que guardo a diversão pra você amiga!
Onu, será que pode voar um pouco mais baixo para que eu possa saltar pro chão? Assim não corremos o risco de perder a nave...

Antes que elas deixem o veículo, os dois Okros seguem o procedimento padrão para aquele tipo de missão e abrem um armário na extremidade da nave. Ele contém duas roupas ajustáveis que ajudam a resistir na chuva ácida e oferecem-nas para a dupla.

Como um bom piloto militar, Onu responde a ordem com uma continência. Como os soldados da reconquista não formam um batalhão e os Okros que viram até então não tem qualquer tipo de costume militar, a atitude denuncia que o piloto é provavelmente um ex-soldado da Aliança.

A nave é manobrada e agora situa-se a poucos metros do solo, o qual levanta um pouco de areia como resultado. Os dois irmãos ajudam-se para abrir a dura porta da nave e liberar espaço para que Ellora prossiga com sua missão.

— Está indo numa missão suicida, mas eu admiro sua bravura. — Diz o mais velho, finalmente deixando um sorriso de canto formar-se. É inegável que a garra da Zathriana o contagia.

— Boa sorte. Qualquer coisa nós estaremos aqui para dar cobertura! — Exclama o mais novo, já com seu rifle em mãos e temeroso com o resultado daquela missão de resgate.

Em solo firme, a situação seria bem mais difícil. Ainda que com as roupas especiais, as duas sentiriam um calor imprescindível no contato com as gotas esmeralda daquele líquido corrosivo, e a areia que entra em contato com ele transforma-se, por vezes, numa lama pegajosa e nociva. Na escuridão e sem uma visão aérea, é bem mais difícil de seguir a trilha.

- Nós nunca sabemos se uma missão vai dar certo, ainda assim, a executamos... quando tentamos fugir da prisão, nenhum de nós tinha certeza se daria certo, mas não desistimos não é?

*A mestiça sorria para a companheira de time, e a soltava delicadamente do abraço logo esperando a resposta dos outros três. Assim que finalmente tinha a confirmação deles, ela sorria e acompanhava com um olhar curioso quando os dois iam até o armário e retiravam aquela roupa especial.
Suspirando aliviada por pelo menos ter uma proteção contra aquele ácido todo, nem que fosse um pouquinho, a mestiça logo vestia a roupa por cima de seu traje mesmo, a ajustando bem ao corpo para que ficasse protegida.
Se virava para Nelai novamente, e dizia de uma maneira tranquila.*

- Certo, se mantenha segura Nel, por favor; e envie uma mensagem pro Heylel pra ele saber exatamrnte onde estamos e o que aconteceu, acho que não vou poder ficar me comunicando a partir de agora...

*A mestiça logo se aproximava do piloto, lhe dando um aperto suave no ombro como forma de agradecimento, e depois ia até a porta aberta, dizendo para os irmãos antes de saltar, retribuindo o sorriso de canto de Ghorata.*

- Bom, o que é uma missão sem uma dose de perigo? Além disso, consegui te fazer dar um meio sorriso, já é uma vitória! Ei Xabuo, não deixa ele esquecer que sorriu!

*Ela logo saltava de uma maneira leve, sem parecer ter pensado duas vezes e se deixando cair, flexionando os joelhos na hora do impacto com a areia, soltando uma pequena exclamação ao sentir os pés em contato com o solo e a lama pegajosa, com o calor realmente a incomodando. Mesmo assim, ela se mantinha focada na missão e usava o pensamento de resgatar as pessoas naquela nave, como forma de prosseguir e ir em frente com o que pretendia fazer.
Por causa da escuridão, achava melhor utilizar suas lentes e sua audição outra vez, sabendo que naquele momento devia temer e desconfiar de qualquer ruído ou qualquer coisa que se movesse, mesmo se fosse uma sombra ou alguma coisa pequena. Lembrando do que tinham feito na prisão, ela usava a tecnologia do próprio traje, fazendo um tipo de pano para cobrir a boca e o nariz, pensando como Heylel tinha feito isso antes também.*

Com sua visão debilitada, Ellora não consegue notar nada anormal no ambiente. A única capaz de enxergar perfeitamente na escuridão quase que total do deserto (iluminada apenas pelas luzes da nave que seguem a dupla) é Nelai com sua aptidão natural para sobreviver na penumbra.

Ainda assim, a proximidade com a trilha permite que Ellora, com seu talento para navegação, mantenha-se no caminho correto. No meio do caminho, a Zathriana pode sentir uma elevação na areia: trata-se de um barril de alumínio que foi afundadado ali recentemente a julgar pelo volume de areia.

O resto da trajetória conta com alguns metros e nada se destaca. O cânion é de difícil acesso e está um breu total para Ellora, apesar de Nelai poder ver alguns metros deste.

*Talvez fosse aquela areia toda, talvez a chuva ácida que tinha caído e deixado tudo ainda mais denso e pesado, além da escuridão, mas ela mordia o lábio pensativa, se perguntando o motivo das lentes dessa vez não terem conseguido ajuda-la com a visão além do alcance. (Thundercats falhou agora).
Mesmo assim, não era a primeira vez que tinha ficado em uma trilha escura, se lembrando de quando acompanhava o pai em acampamentos depois que tiveram de deixar a Terra, e como os Miistimerianos haviam ensinado a como lidar em momentos de total escuridão.
Se mantinha calma e centrada no caminho na frente, andando devagar para não correr o risco de cair em armadilhas ou perder qualquer coisa que fosse de encontro a ela. Ao perceber o volume na areia, parava alguns passos antes e murmurava para si própria.*

- Lagartos me mordam, tomara que não seja o verme gigante tirando um cochilo...

*Voltava a se aproximar e dava uma espiada e logo reconhecia o barril, tendo esperança de que aquilo fosse da nave das pessoas que procurava, pensando se ali encontraria alguma pista que pudesse indicar o que tinha acontecido. Com cuidado e se mantendo sempre alerta, ela ia desenterrando o barril como podia, fazendo um lembrete mental que se caso sobrevivesse, iria precisar de um belo banho de novo.
Tossia um pouco por causa da areia mas estava com o pano protegendo o nariz e a boca, o que a ajudou muito nessa hora e logo puxava o barril, olhando para ver o que tinha ali dentro, o arrastando um pouco mais para frente para não correr o risco de perder muito tempo ali.*

Um vento intenso atinge o corpo das garotas constantemente, chocando as gotas de líquido corrosivo contra suas peles sem piedade. Ellora continua com a visão muito limitada pela profunda escuridão, enquanto Nelai não nota nenhuma alteração no ambiente ao seu redor.

Ao erguer e abrir o pesado barril de alumínio antes afundado na areia,  elas podem ver que há uma boa quantidade de água em seu interior. Além disso, pequenas gotículas do líquido estão no interior das paredes aonde a água não alcança, como se ela esteja ou já tenha sido aquecida recentemente.

- Eles devem ter usado isso aqui... será que cozinharam algo?

*A mestiça murmurava para ela mesma, enquanto espiava dentro do barril e via a água e as gotículas que aparentemente haviam sido aquecidas, sentindo o vento a castigando intensamente e agradecendo por ter aquela roupa que os 3 companheiros haviam dado a ela, mesmo que ainda pudesse sentir as gotas do líquido corrosivo e tossia um pouco por causa da areia trazida junto com aquela ventania.
Mesmo assim, aquele barril a fazia lembrar de Nakir, já que tinha um barril quando ela, Heylel e Miyano tinham conhecido o felino. Será que ele estaria no meio das pessoas que precisavam ser resgatadas?
Piscando algumas vezes ainda se perguntando o motivo das lentes não funcionarem bem naquele ambiente, ela se recusava a desistir, querendo salvar aquelas pessoas e as levar em segurança até um lugar onde finalmente pudessem ser livres e ficassem bem. Por esse motivo, ela pensava por um momento, recomeçando a andar e por algum motivo, ia levando o barril junto, seguindo em frente e indo na direção do cânion, pensando em coisas como sorvete para se manter calma e confiante em sua missão, apesar da escuridão a deixar um tanto apreensiva, principalmente se ela não sabia o que encontraria a cada passo que dava, e na verdade, um dos pensamentos era conseguir um bom creme hidratante para quando voltasse.*

A mensagem foi respondida com ação. Num movimento rápido, a nave reposicionou-se para a entrada do cânion e alguns metros a mais puderam ser iluminados. Além disso, para auxílio da tarefa, os irmão lançaram ao chão fortes e longas cordas de aço.

━ Vão precisar disso se decidirem descer! ━ Exclamou lá de cima o mais velho enquanto prendia a corda à nave. ━ Não se preocupem, seguraremos firme.

━ Tomem cuidado lá embaixo, a descida é naturalmente perigosa e eu acho que vi alguma coisa se mexer lá no fundo do cânion quando o iluminamos. Se precisarem ser puxadas, nos avisem o mais rápido possível.

O que o jovem fala pode ser confirmado pelas duas caso aproximem-se do lugar. Numa das extensões daquela grande vala, uma sombra parece se agitar rapidamente por alguns segundos e cessa mais uma vez. Um barulho de maquinário sucede vindo lá do fundo do cânion sucede a estranha movimentação.