Farejando a trilha.

— Pode descansar, a gente dá conta dos primeiros. Não se preocupe. — Assegura Xabuo, ao notar que a mestiça ainda analisa as feridas recentes.

E então os irmãos apenas aguardam, se colocando em posição para que puxassem assim que o sinal fosse dado. Lá embaixo, dentro da caverna, o barulho da pedra alvejada por Ellora ao se quebrar e pular pelo chão algumas vezes funciona. Ao menos, para uma das criaturas, que praticamente se rasteja na direção do barulho. A outra parece saber da presença de Nelai, mas não consegue encontrar a localização exata por mais que tente.

Além disso, ainda que o barulho tenha sido baixo, a atenção de mais uma criatura é chamada. Aparentemente, ela estava perto há algum tempo, mas só agora o som lhe guiou até o início da caverna onde estão a Kaarteoniana e os sobreviventes. Por sorte, ela é atraída para o exato local onde o barulho foi feito. Um pouco mais à direita dali, está a corda lançada pelos irmãos de dentro da nave.

— Sem problemas. Se é assim, leve Drodag primeiro, mas não o deixe começar a falar. Se começar ele não para nunca mais, e é por isso que é bom que ele suba antes. — Diz o humano, procurando dentro da nave por um pequeno garesiano que ali estava escondido e sinalizando para que ele faça silêncio absoluto.

O pequeno está encolhido e tremendo de medo, e parece se esforçar muito para não começar a surtar ali mesmo. Ainda assim, permite-se ser escoltado pela mulher até a corda em completo silêncio, além da respiração extremamente acelerada. Ele claramente tem muita dificuldade para enxergar ali, mas tenta desesperadamente se amarrar na corda. Assim que está preso, faz o que Nelai ordenou e puxa a corda duas vezes como um sinal para o puxarem. Xabuo e Ghorata rapidamente iniciam o trabalho mais uma vez e o garesiano aos poucos se afasta. Por sorte, as criaturas parecem ainda distraídas ou no mínimo confusas até então.

- Certo, mas se precisarem de ajuda quando se sentirem cansados, é só me dizer pessoal; vamos conseguir!

*A mestiça voltava a se animar e sorria para Ghorata e Xabuo e até para o piloto que permanecia em silêncio, com ela percebendo que agora um deles tinha conseguido chegar até a corda.
Ela esperava até que conseguissem puxar Drodag em segurança para cima, e olhava para o pequeno de uma forma gentil, o olhando amigavelmente e dizendo com o tom de voz ainda animado.*

- Calma, vai ficar tudo bem, viemos ajudar todos vocês e eu não vou desistir até que todos estejam em segurança aqui com a gente...

*Para ajudar os Okros enquanto eles desamarrassem o sobrevivente, a mestiça logo lançava outra das 6 cordas que tinham ali, digitando outra mensagem para Nelai:
“Nel, pode mandar outro.. vou continuar distraindo as criaturas, qualquer coisa vou descer para tentar atirar mais de perto...”
Ela logo enviava a mensagem e tornava a se aproximar da porta da nave, lançando um olhar ansioso e novamente posicionando os dedos no arco, fazendo com que a corda fosse novamente ativada, com a quarta flecha sendo produzida pela arma e a mestiça respirando fundo, tornando a atirar, mas dessa vez mirando na terceira criatura que ela podia reparar, aparentava estar mais forte do que as outras.
Pensando por um breve momento, ela logo tornava a colocar os dedos na posição certa, mas dessa vez mirando em outra rocha, tomando cuidado para escolher uma mais distante e quando a corda era reativada e a terceira flecha aparecia, ela tornava a atirar, dessa vez repetindo o mesmo processo de distração de antes, torcendo para que a estratégia funcionasse.*

O garesiano finalmente consegue entrar na nave após alguns minutos sendo puxado. Minutos esses que parecem ter sido como uma eternidade para o pequeno, que mal via a hora de sair da caverna escura e, principalmente, do alcance daqueles terríveis monstros. 

Ele está tão trêmulo e desesperado que mal percebe bem o ambiente ao seu redor, em choque. Ainda assim, ele respira fundo, tentando recobrar a calma. O olhar carinhoso e preocupado de Ellora também ajuda no processo, o deixando mais confortável e quase sem jeito.

— O-obrigadoporviremnossalvarláestavatãoescuroeúmido... SSHHHHHHHHHHHHHHHHH! — Ele puxa o ar perdido em meio ao monólogo disparado aos presentes. — Acheiquenuncafossemossairdaquimaséótimoquetenhamvindonosbuscaresperoqueelesfiquembem...

Completamente sem fôlego por conta da fala acelerada e pelos momentos tensos vividos até então, ele desesperadamente se livra da corda antes que Ellora ou algum dos irmãos o façam e segue até um dos bancos timidamente. Assim, ele acomoda o seu pequeno corpo ali mesmo, tentando se recuperar.

O rosto de Ghorata se contorce ao ver o primeiro a chegar ali, desgostoso. Ele balança a cabeça negativamente e tenta desviar sua atenção para outra coisa, pegando a corda recentemente desocupada pelo pequeno e organizando-a junto as outras enquanto Ellora lança mais uma corda para que Nelai mande o próximo sobrevivente.

— Garesianos... — Bufa, evitando olhar para Drodag. — Ellora, pode pedir para sua amiga mandar o próximo. Vamos acabar logo com essa merda. — Ele parece mais irritado agora, mas permanece concentrado na tarefa.

O novo tiro de Ellora, dessa vez na direção da criatura mais próxima de Nelai não sai bem como planejado. Ao menos, não atinge nenhuma pedra, apenas cai em um pedaço do chão próximo à companheira, e também não emite novos ruídos para atrapalhar a situação lá embaixo. Enquanto isso, Xabuo apenas observa a cena e ri. Não só do irmão, como também observa o jeito esquisito do garesiano recém resgatado.

— Poxa Ghorata, não seja tão duro. Ele é até engraçadinho, vai! — E ri, apenas para receber um olhar reprovador e afiado do mais velho.

Enquanto isso, as coisas não mudam muito para Nelai. As duas criaturas que já estavam um pouco perdidas continuam sem encontrá-la, mas aquela próxima a si continua focada em sua tarefa. Apesar de sua visão limitada pela vasta penumbra do interior da caverna, ela pode ver que mais uma corda desceu e mais um dos sobreviventes já espera para que ela o escolte, escondido no canto da nave. Aparentemente, é um Iomarshiano.

Antes que possa ir na direção do mesmo, entretanto, a criatura que antes a procurava tenta atacá-la, assim como Ellora foi atacada anteriormente. Ela avança para cima da mulher sem dó, preparando suas enormes e afiadas unhas.

- Ei, não seja tão duro, muitos deviam me odiar por eu ser metade Zathriana, mas são legais comigo, dê uma chance a ele; mas tem razão, vamos tentar acabar logo com isso

*A mestiça olhava para Ghorata e sorria de uma forma gentil, dizendo aquilo com o tom de voz tranquilo e animado, logo mandando outra mensagem para a companheira de time:
“Nel, pode mandar o próximo...”
Ao enviar, ela arregalava os olhos ao ver que a criatura tinha conseguido encontrar Nelai, e dizia com o tom de voz aflito.*

- Merda! Até a Nel eles querem colocar na fila dos fatiados, já não bastava eu?

*A Zathriana suspirava e logo se concentrava e alcançava sua energia mística rapidamente, a sentindo fluir através dela e a enviando para Nelai, agradecendo por não estarem muito longe e o poder espiritual de cura alcançar a companheira.
Ao mesmo tempo, a mestiça agora mirava na criatura que atacava Nelai, torcendo pra dessa vez não errar, pensando que nesse quinto tiro se não funcionasse, talvez devesse tornar a descer para chegar mais perto de seus alvos.*

Spoiler:

Manobra de cura utilizada na Nelai

O garesiano permanece encolhido e quieto dentro da nave, intimidado com a presença do Okro não muito amigável. Ele olha pela janela apenas, tentando enxergar o lado de fora. Enquanto isso, Ghorata e Xabuo já se preparam para puxar mais um dos sobreviventes, esperando o sinal. O mais velho ainda parece amargurado, mesmo após o comentário de Ellora, e não olha diretamente para a mulher.

— Não consigo ser misericordioso como você, e você também não deveria. Não com essas criaturinhas. Eles podem ser pequenos, mas são espertos e manipuladores. Toda essa merda é culpa deles. — Reclama, sem realmente se importar sobre o pequeno que está ouvindo tudo.

A magia de Ellora rapidamente faz efeito sobre as feridas de Nelai, as fechando com facilidade. O tiro desferido na criatura também a atinge, mas apenas a atinge superficialmente. Ela mal parece se machucar e, na verdade, avança mais uma vez na direção de Nelai, mas dessa vez com a boca muito aberta e exibindo todos os seus gigantescos dentes. Claramente, ele pretende atacá-la mais uma vez, mas a mordida parece ser ainda mais perigosa que as afiadas unhas anteriormente experimentadas pela mulher.

Enquanto isso, o Iomarshiano aproveita para sair o mais silenciosamente possível de trás da nave e anda cautelosamente até a corda, procurando ser o mais silencioso possível. Principalmente quando passa por trás da Kaarteoniana e da terrível criatura. Sendo assim, ele se amarra à corda e dá o sinal para que seja puxado, que mais uma vez é prontamente atendido. Ele aos poucos começa a se afastar e, enquanto isso, os sobreviventes permanecem na nave e se escondem ainda mais.

*A Zathriana percebia o medo e desconforto de Drodag se aproximando dele, e fazendo carinho em sua cabeça de uma forma delicada, murmurando apenas para ele ouvir que tudo ia ficar bem, depois retornando até a porta da nave, mas respondendo calmamente para Ghorata.*

- Não se trata de ser misericordiosa Ghorata, eu apenas acho que nem todos são iguais, entende? Por exemplo, a maioria das pessoas me encara como uma aberração, filha de uma relação considerada errada aos olhos dos outros. Por isso, passei a vida sendo rejeitada e excluída, e machucada, foram poucos que me aceitaram e se aproximaram pra me conhecer; acho que posso tentar dar uma chance, mesmo que depois eu veja que estava errada...

*A mestiça continuava sorrindo e tinha o semblante tranquilo, não parecendo se afetar com as palavras e a reação do Okro, o fitando suavemente e chegando até a se aproximar, lhe dando um aperto gentil no ombro. Após isso ela voltava para a porta, e quando os Okros puxavam o próximo sobrevivente, a mestiça logo sorria ainda mais e ajudava a desamarrar Nakir, o abraçando forte e dizendo alegremente.*

- Nakir! É tão bom te ver de novo! Fico feliz que esteja bem e vivo! Ah.. er.. desculpa...

*Ela corava e o soltava meio sem jeito, chegando a pigarrear timidamente, agora correndo para a porta novamente, olhando lá em baixo e arregalando os olhos com o que via, mordendo o lábio com força e ficando surpresa e assustada, tornando a posicionar os dedos na pistola em forma de arco, fazendo a corda reaparecer e ativando a flecha, mirando na criatura que atacava Nelai, atirando o último tiro, torcendo para que dessa vez funcionasse já que ia precisar carregar a munição novamente.
Depois de atirar, ela tornava a se concentrar e mais uma vez, manifestava a energia mística que possuía, a enviando novamente para a companheira de time, realizando outra vez a cura, aproveitando para fazer sinal para Nelai, para que ela avisasse o próximo sobrevivente e lançando mais uma corda, murmurando parecendo meio cansada.*

- Isso está complicado...

Spoiler:

Uso da manobra de cura na Nelai

Ellora pode sentir que o corpo do pequeno Drodag continua um pouco trêmulo, mesmo dados os minutos em que já está em segurança dentro da nave. Ele não parece se sentir assim, visto que o tratamento nada amistoso oferecido por Ghorata não parece lhe oferecer tanta segurança assim. A mestiça parece ser a única que realmente não o odeia, na verdade, ela parece até gostar de si. Assim, quando ela se aproxima e o acaricia, ele recebe bem o carinho e parece até mesmo se tranquilizar.

— O-obrigadomesmopormedefendereujuroquenuncafiznadademaissóconstruonavese... SHHHHHHHHHHHHHHHHHH! — Ele dispara, mas num tom baixo para evitar que os outros o escutem. — E-eununcafiznadapraninguémeujuro!

O Iomarshiano mal chega na nave e já é recepcionado por um abraço de sua nova amante, a qual ele já temia nunca mais ver. Parece muita sorte para o felino, ser resgatado naquele fim de mundo sem ter que enganar ninguém e ainda encontrá-la novamente. Ele retribui o abraço sem titubear, adorando aquilo, mas sem exagerar. Quando ela o solta, ele não tenta segurá-la para não parecer indelicado e permite que ela afaste-se. Assim, encara-a profundamente nos olhos enquanto se desamarra da corda.

— Senhorrita Ellorra, como é bom te ver novamente! Muito obrrigado por me salvar. Nakir está muito bem, sim. Ser agrraciado por sua prresença é semprre uma honrra. Não se acanhe, não. Lá embaixo erra muito frrio e escurro, mas eu sabia que você virria me buscar, sim. Sua lembrrança aqueceu meu corração e me iluminou o tempo todo. Até fiz um poema parra prrovar meu amor na prróxima vez que te encontrrasse.

Nakir puxa um pequeno papel amassado de um dos bolsos de sua roupa e o desdobra, e coloca a mão direita em seu próprio peito enquanto limpa a garganta para começar a recitar o poema. Ele mal parece notar a presença de outras pessoas dentro do veículo ou simplesmente não se incomoda com elas, estando focado apenas na mestiça.

— Amo-te como a planta que não florriu e tem
dentrro de si, escondida, a luz das florres,
e, grraças ao teu amor, vive obscurro em meu corpo
o denso arroma que subiu da terrra.


Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te dirretamente sem prroblemas nem orrgulho:
amo-te assim porrque não sei amar de outrra maneirra,


a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perrto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perrto que os teus olhos se fecham com meu sono. — Por fim, guarda o papel e sorri para a mulher, esperando para ver se ela gostou da declaração.

Ghorata suspira enquanto joga mais uma das cordas para que Nelai possa enviar mais um dos sobreviventes. Ele com o irmão ao ouvirem declaração de Nakir, certamente achando o casal um tanto diferenciado. Xabuo ri, mas o mais velho permanece sério. Mas ele parece finalmente desistir de discutir com a mestiça, sendo teimoso demais para aceitar que ela está certa, principalmente por se tratar de garesianos.

A flecha de Ellora atinge a criatura novamente, mas dessa vez ela parece se machucar mais. Uma certa quantidade de sangue escorre pelo local atingido, ou seja, por suas costas. A magia é eficaz e atinge rapidamente as feridas recentemente abertas em Nelai, embora não as cure por completo. Ainda que já esteja muito ferido, o animal não sai de cima de si de maneira alguma.

Estando ele afetado, entretanto, é a chance da assassina de tentar livrar seu corpo da criatura. Caso ela continue ali, torna-se um alvo fácil não só para aquele que já a ataca, mas para seus companheiros que até o momento continuam perdidos. O humano com quem ela estava falando antes observa tudo por uma fresta da nave e, ao notar que ela está em uma situação complicada, desobedece as ordens e se aproxima com cuidado.

Ele empunha uma peça comprida que foi usada para a construção da nave, e se aproxima para tentar atingir as costas do animal e até empurrá-lo para o lado, para livrar a mulher. O animal parece tão focado em devorar seu jantar ali mesmo que mal nota que o sobrevivente se aproxima. Dessa forma, a criatura é atingida com força pelas costas e cai para o lado na mesma hora, sangrando muito e inerte. Eles sabem que ele não morreu, já que o tal som não foi emitido, mas está certamente inconsciente. Com todo o sangue que está perdendo, também não demoraria muito a falecer por fim.

— Você está bem? — O humano sussurra, próximo a Nelai, enquanto lhe oferece a mão para ajudá-la a levantar. — Vem, precisamos acabar isso logo.

*Ao ter o abraço retribuído por Nakir, ela acabava ficando com a face totalmente ruborizada e por um breve momento, desviava um pouco o rosto para tentar se recompor. Ao ser solta do abraço, ela fitava o Iomarshiano nos olhos meio timidamente, não sabendo muito bem como agir naquelas situações, mas não conseguindo deixar de sorrir ao ouvir que alguém tinha pensado nela daquela maneira, murmurando meio sem graça.*

- Ah... eu.. estava preocupada, e bem.. não custava a gente tentar encontrar vocês né? Poema? Eu.. eu.. uau...

*Ela agora ficava realmente sem reação e sem palavras, já que nunca tinha recebido um poema antes, achando que agora em vez de meio lagarto, ela devia parecer meio camarão de tão vermelha que tinha ficado, pensando que devia estar engraçado a cor verde dela misturada com o vermelho da timidez. Ainda assim, ela não parava de sorrir e quando Nakir terminava de recitar o poema, ela logo tornava a abraça-lo e lhe dava um beijo suave de cada lado do rosto, dizendo alegremente.*

- N...nossa.. er.. O..obrigada.. eu, ahn.. nunca tinham feito um poema pra mim antes, isso foi lindo! Não sabia que você era poeta Nakir, que incrível! Posso guardar o poema? Eu adorei...

*A mestiça soltava novamente Nakir e o via guardar o poema no bolso, mas na esperança dele entregar o papel a ela, já que ela realmente tinha ficado feliz de ter algo tão bonito dedicado a ela. Ela olhava para os oKros meio sem jeito com a situação, pigarreando e começando a voltar pra perto da porta novamente.
Porém, Ellora ouvia a voz de Drodag e logo se virava para ele, reparando na forma rápida que ele tentava se explicar, o nervosismo do pequeno e o quanto ele ainda parecia assustado. Ela logo tornava a chegar perto dele, lhe dando um abraço gentil e murmurando de um modo tranquilo e confiante.*

- Você foi ótimo construindo a nave e ajudando as pessoas a fugirem daquela prisão Drodag, você fez algo bom e deve se orgulhar disso, certo? E logo todos nós vamos sair daqui sãos e salvos, combinado?

*Ellora sorria e logo soltava o pequeno e ia voltando para perto da porta, observando o que ocorria ali e mordendo o lábio meio nervosa quando via o sobrevivente atacando a criatura que pelo jeito tinha recebido o tiro da mestiça, a julgar pelo sangue que escorria de seu corpo. Ela logo murmurava assustada um “não!” ao ver que o bicho tinha sido atingido em cheio, com ela até ficando pálida com a perspectiva da criatura ter morrido. Ela sabia que se fosse o caso, teriam que lidar com praticamente uma caverna inteira daquelas coisas, e aí sim iam ter um problema grave, especialmente por ela sentir sua energia de cura enfraquecida e Nelai e os outros sobreviventes ainda estarem lá embaixo.
Ela batia o pé impaciente, se perguntando porque o outro sobrevivente não tinha ido para a corda ainda livre que tinha sido lançada, suspirando e tornando a digitar agora, enviando outra mensagem para Nelai:
“Nel.. consegue se mover? Quer que eu desça até aí pra te ajudar? Se quiser, podemos trocar de lugar um pouco enquanto você se recupera... fala pro sobrevivente ir logo pra corda, ou chamar outro... pede pra ele te dar essa coisa que ele tá segurando, pode ajudar caso as criaturas se aproximem de novo...”
Ela enviava a mensagem e aproveitava para recarregar sua arma em forma de arco, já que seria melhor tornar a ter munição se a coisa ficasse mais grave.
Ela percebia o silêncio de Ghorata e o fitava gentilmente, sorrindo de canto e tornando a dizer, agora se dirigindo a todos ali.*

- Ghorata, somos companheiros de equipe, vamos sempre ter opiniões diferentes mas o importante é trabalhar juntos e cumprir nossa missão, certo?
Ok, gente, se a criatura ferida morrer o que logo vai acontecer, ela vai atrair todas as que estão na caverna, então.. precisamos ser rápidos. Drodag, Nakir, vocês conseguem bolar algum plano que nos ajude a trazer o pessoal para cima pro Ghorata e o Xabuo não chegarem no limite e sem correr risco da gente ter que enfrentar um exército de vermes? Ghorata e Xabuo, sei que estão dando seu melhor, mas vocês conseguem puxar 2 em uma mesma corda?

*Enquanto ela perguntava, logo fazia sinal para Nelai e o sobrevivente com ela, indicando a nave de sucata, como se dissesse que um dos outros devia ir para a corda enquanto isso, pra que pelo menos já fossem puxando alguém e fosse uma pessoa a menos ali, apontando também para a criatura que parecia estar à beira da morte. Quanto as outras duas, ela tornava a dar outro tiro a uma distância maior de onde Nelai e o sobrevivente e os outros estavam, acertando outra rocha para que os bichos continuassem perdidos e não encontrassem o caminho até a companheira dela e o pessoal, além do terceiro bicho ferido mortalmente.*

Nakir parece realmente satisfeito diante da reação positiva de Ellora, principalmente ao vê-la se envergonhar com sua presença. Nesse momento, ela já parece bastante contente por finalmente estar conseguindo conquistar o coração da mais nova amada. O felino parece até um pouco bobo ao receber os beijos da mestiça, como quem estivesse quase realizando um sonho. Ainda um pouco abalado, quando ela se afasta ele curva seu corpo para frente e posiciona a mão esquerda atrás de suas costas, enquanto a direita procura o papel no bolso mais uma vez.

─ Muito obrrigado, Ellorra. Me parrece muito difícil que ninguém nunca tenha te feito nada parecido antes para uma senhorrita tão encantadorra como você! Nakir não é poeta, não. Mas por você sinto que posso ser qualquer coisa que quiser. ─ Ele então estende o papel com o poema na direção da mulher para que ela o pegue. ─ O poema é todo seu, sim!

Ele permanece em pé, aguardando a mulher terminar de falar com Drodag. Certamente parece estranho estar numa nave e acompanhado por três Okros, ainda mais ser resgatado por eles após passar anos aprisionado pela mesma raça. Assim que a mulher retorna e pede para que um plano seja elaborado, ele volta para perto dela.

─ Por um acaso eles não vieram até aqui para nos aprisionar novamente, não? ─ Sussura, olhando na direção dos Okros. Quando percebe que eles podem notar ou talvez se irritar, volta a olhar para Ellora. ─ Nakir não gosta de trrabalhos pesados, não. Mas Drodag pode ser melhor parra pensar em um plano. Podemos puxar os sobreviventes juntos, sim. Enquanto eu e Ellorra puxamos um, os Okros podem puxar dois. ─ Sugere com um sorriso amarelo, retomando ao uso das táticas de malandragem já muito utilizadas em sua vida.

Drodag passa a se sentir mais confortável após o abraço dado por Ellora e se ajeita na cadeira assim que ela se afasta, parecendo mais relaxado. Ele assente com a cabeça diante do que ela diz para confortá-lo e um pequeno sorriso sutil surge no canto de seu rosto, quase imperceptível para os que estão mais distantes.

─ M-masseráquenãofoiminhaideiaparasalvarelesquenosfezpararaquidessejeito... SHHHHHHH! ─ E puxa o ar, sem fôlego. ─ Eupoderiatermatadotodomundo!

Ele parece pensativo quando Ellora pede para que ele e Nakir pensem em um plano, e obviamente o felino passa a responsabilidade para ele. Ele parece estar imaginando de que maneira poderiam erguer as pessoas com mais facilidade e evitando tanto esforço, e após alguns minutos parece finalmente chegar em uma conclusão.

─ P-possoajudarcomqualquercoisaquenosajudeasalvarosoutros... SHHHHHHHH! ─ Dispara, perdendo o ar no processo como já é usual. ─ Parece que roldanas e polias poderiam nos ajudar. Não deve ter nada parecido aqui, mas podemos improvisar. ─ Pela primeira vez tenta falar pausadamente, embora o ritmo de sua fala ainda seja acelerado em comparação ao restante das pessoas.

Ghorata está claramente ficando irritado com os sobreviventes, embora Drodag não tenha feito nada além de ficar acanhado e com medo no canto por todo o tempo. O jeito "malandrão" de Nakir já estava o incomodando ainda mais que a presença de um garesiano, principalmente após a genial solução apresentada por ele.

─ Uau, como você é gentil. Puxar um só para termos mais trabalho, espertinho. ─ Ele revira os olhos. ─ E eu não faço a menor ideia do que possa ser a porra de uma roldana e uma polia, garesiano. ─ Finaliza, entre os dentes.

Xabuo também não parece ter entendido bem o que o pequeno sugeriu, e claramente espera que Ellora saiba o que é. Ele joga mais duas cordas para baixo, como forma de adiantar o processo o máximo possível. O pedido da mestiça faz com que ele decida passar por cima da vontade do irmão marrento mais uma vez.

─ É claro que vamos conseguir levantar dois! Podem vir até três de uma vez, vai ser fácil. Olha isso aqui, como eu sou forte! Acho que é Ghorata que não aguenta. ─ Ele levanta o braço e o dobra de forma a exibir seus músculos "avantajados", mas fica sem jeito ao perceber o quão fino ele realmente é. ─ É... Eu acho que aguentamos dois. ─ Finaliza, dando de ombros.

Os irmãos então se preparam para puxar o próximo sobrevivente assim que ele der o sinal. Enquanto isso, ele continua lá embaixo, mas se sente obrigado a seguir o que Nelai disse. Se ele teria que subir antes para ajudar aos outros e possibilitar que todos saiam dali em segurança, tudo bem. Por hora, já parece bom ter salvo a mulher da terrível criatura.

─ Tudo bem então, farei isso. Tome cuidado. ─ Sussurra novamente para ela, enquanto se amarra na corda.

Ele sinaliza para ser puxado e os irmãos encarregados da tarefa logo reiniciam o trabalho, afastando o homem e o erguendo aos poucos pela entrada da caverna. Há mais cinco sobreviventes dentro da nave, dentre eles três mulheres e dois homens de raças variadas. Pouco tempo a mulher tem para analisá-los, entretanto.

Ela acaba pisando em uma pedra solta no meio do caminho próxima a uma das criaturas ainda conscientes e faz um barulho baixo, mas que permite que sua localização seja revelada. Entretanto, seu estado de saúde já está muito comprometido e é praticamente impossível que ele acompanhe o ritmo dos passos acelerados de Nelai, e acaba desistindo de persegui-la no meio do caminho. O outro animal, entretanto, não parece ouvir nada e nem desconfia de onde ela possa estar.

*Ellora mordia o lábio preocupada ao ler a mensagem da companheira de time, suspirando baixinho e tornava a digitar rapidamente:
“Nel, toma cuidado.. fique de olho nas criaturas, principalmente na terceira. Se ela morrer, aí sim que vai complicar tudo. Vamos voltar dessa missão juntas, não esquece. Acho que Drodag tem um plano, e vamos ter mais força agora, então fala pra 3 sobreviventes seguirem pras cordas que vamos mandar.”
Ela logo enviava e observava atentamente o que ocorria lá embaixo, cruzando os dedos para que a criatura machucada não percebesse Nelai e a mais ferida aguentasse mais um pouquinho viva, se virando ao ouvir a voz de Nakir e acabando por não conter um sorriso tímido para ele, abaixando um pouco a cabeça com a face corada ao ouvir o que ele dizia, e estendendo a mão pegando o papel com o poema cuidadosamente, murmurando.*

- Eu.. ahn.. é que as pessoas não gostavam muito de mim, por causa.. sabe, de eu ser assim.. meio Zathriana e tudo mais...

*Ela logo guardava o papel com cuidado no próprio bolso e erguia a destra e fazia carinho de uma forma gentil no rosto de Nakir, como se agradecesse a ele o poema e o carinho, mas acabava rindo baixinho com o que ele falava, balançando a cabeça negativamente com a resposta de Ghorata, tornando a dizer com o tom de voz determinado, embora desse para reparar que ela nunca perdia aquela gentileza que tinha nas palavras, com certeza não sendo um traço do lado Zathriano.*

- Ei.. ei, somos uma equipe agora, temos que nos concentrar em sair vivos e salvar os outros que estão em perigo lá embaixo. Não se preocupa Nakir, o Ghorata, o Xabuo e o Onu são nossos companheiros de resgate, e vamos todos trabalhar juntos, certo? Assim saímos desse lugar o mais rápido possível...

*Ela pensava por alguns minutos e observava Xabuo com uma expressão que parecia agradecer o apoio dele, já que normalmente ela seguia um capitão e não estava muito acostumada a ficar passando as instruções para os outros, e sim, seguir o que já tinha sido passado à ela e ao resto da equipe.
Ela acabava rindo com a tentativa de demonstrar força que Xabuo fazia, e o olhava alegremente, dando um sorriso gentil e confiante pra ele.*

- Tenho certeza que vocês dois são bem fortes, nem tem como dizer o contrário depois de tudo que vi vocês fazendo aqui!

*Ela observava animada e aliviada que mais um sobrevivente começava a ser puxado, logo olhando na direção de Drodag e ouvindo o que ele tinha a dizer e se lembrando de algumas conversas que tinha tido com o pai, e como o Zathriano adorava explicar para ela sobre o funcionamento de diversas tecnologias, máquinas e coisas ligadas à física.*

- Não foi sua culpa Drodag, você fez o seu melhor para libertar as pessoas, infelizmente não controlamos o que pode acontecer depois, mas o importante é que você tirou eles da prisão e agora deu uma ótima ideia!
Pessoal, roldanas e polias são peças de formato circular que gira em volta de um eixo, e com as cordas a gente pode diminuir a força que fazemos pra erguer um objeto pesado... hm.. será que temos alguma coisa que pode nos ajudar a improvisar algo assim aqui na nave?

*Ela olhava para os Okros curiosa e ansiosa, depois tratava de enviar outra mensagem para Nelai, digitando de uma maneira empolgada agora:
“Nel, pede para os próximos que subirem, trazerem algumas peças com eles.. pode ser placas.. não sei. Drodag teve um bom plano agora...”
Ela enviava a mensagem e quando o outro sobrevivente chegava lá em cima, a mestiça o ajudava a se desamarrar, depois contava duas cordas e as lançava novamente para baixo, contando que agora os Okros iam puxar dois sobreviventes e eles puxariam o terceiro, assim com sorte, restariam apenas mais dois lá embaixo e Nelai, e se conseguissem improvisar a roldana, isso ficaria mais fácil de realizar, dizendo animada para o humano.*

- Obrigada por ajudar minha companheira, vamos precisar da sua ajuda aqui também se não for pedir muito, pra trazer os outros em segurança, tudo bem?

Nakir ri e balança a cabeça, aproveitando para tocar suavemente o queixo de Ellora como quem busca confortá-la.

— Mas é justamente por ser tão única que gosto tanto de você, sim! Prra mim, mulher mais perrfeita não há.

Ele reage positivamente aos carinhos da mulher com seu jeito felino, chegando até a ronronar. Assim que o carinho se encerra, ele se prepara preguiçosamente para puxar uma das cordas jogadas.

— Venha, Ellorra. Vamos salvar essas pessoas logo e ir embora, sim! — Chama, esperando para que ela o ajude.

Drodag parece mais seguro e até mais confiante ao receber o apoio de Ellora. Principalmente quando a mulher compreende o que ele quer dizer, e então sua animação se torna completa. Ele se levanta do banco e começa a andar em círculos, empolgado.

— É isso mesmo! Setiveremumacaixadepeçasparaanaveébemprovávelqueconsigamososmateriaisideaispara... SHHHHHHHHHHHHHHHH! — Perde o ar novamente, após falar numa velocidade que ninguém imaginaria.

Pela segunda vez em toda a viagem, Onu deixa sua cabine para receber notícias, provavelmente. Ele parece preocupado com a demora, embora não demostre muito de suas emoções. Ele dá uma olhada geral entre as pessoas da nave, embora não os cumprimente.

— Como está a situação? — Pergunta, analisando as cordas. — Precisam de ajuda para puxar as pessoas?

Ghorata bufa com a pergunta, após terminar de puxar a corda. Ele nem sequer olha para o companheiro que acaba de aparecer, já irritado demais. Dessa vez, nem mesmo as palavras gentis de Ellora são capazes de dobrá-lo.

— O que você acha? — A pergunta é retórica, e sua respiração está pesada. — Vamos terminar logo essa merda. Vem, Xabuo.

O garoto já está sentado preguiçosamente em um dos cantos da nave e reclama baixinho enquanto puxa uma caixa de peças, jogando-a para Drodag que a pega e abre em seguida, buscando os materiais rapidamente. O garoto se levanta e já se posiciona para puxar a outra corda, cansado.

O homem que chega na nave é um humano alto e moreno, que deve ter cerca de 30 anos. Ele suspira ao se desamarrar a corda, olhando para baixo brevemente.

— Obrigado a vocês por me salvarem e se esforçarem tanto. Acha que sua companheira ficará bem? — Pergunta para Ellora, apreensivo. — Vou fazer o que for necessário para ajudar.

Ele então se posiciona na última corda vazia e se prepara para puxar mais sobreviventes. Onu o segue, então, para ajudá-lo.

Lá embaixo, dentro da nave, as mulheres afitas procuram desajeitadamente mais peças de metal utilizadas para construir a navezinha improvisada, como Nelai as pede. Assim que o fazem, elas se levantam com cuidado e seguem para fora da mesma, evitando qualquer barulho. A última a passar pela Kaarteoniana, entretanto, para por um instante próxima a ela.

— Obrigada. — Sussurra, e então volta a acompanhar as outras na direção da corda.

Elas rapidamente chegam nas cordas e se amarram. O caminho não é muito difícil, já que enquanto um dos animais está quase morto, outro está completamente perdido e o outro está fraco e exausto em um dos cantos. Dado o sinal para puxarem, o mesmo é rapidamente respondido e os homens na nave começam a puxá-las, afastando-as aos poucos. Enquanto isso, os homens se entreolham dentro da navezinha, em silencio, esperando por segundas ordens.

- Sim, Nel vai ficar bem e logo poderemos ir pra casa. Oh, olá Onu, é bom te ver de novo!

*A mestiça logo se virava para o humano alegremente, sorrindo quando ele ia ajudar Onu que aparecia, a fazendo respirar até mais aliviada, já que pela reação de Ghorata e Xabuo, ela podia reparar o quanto aquilo estava sendo cansativo para os Okros e a fazendo admirá-los ainda mais pelo esforço que faziam, para ajudar ela e Nelai a concluírem aquela missão.*

- Ghorata, Xabuo, Onu, obrigada por estarem aqui com a gente, logo vamos conseguir ir embora e aí vamos tomar sorvete juntos! E vocês vão poder descansar.. certo? Mas eu fico feliz de ter vocês aqui.

*Ela logo olhava animada as 3 mulheres que chegavam com as peças que ela tinha pedido, ajudando elas a se desamarrarem e correndo até onde Drodag estava com a caixa de materiais, entregando o que tinham para ele e tornando a dizer, dessa vez fitando as 3 sobreviventes com os olhos brilhando.*

- Sejam be-vindas, que bom que conseguiram subir pessoal. Agora, vamos todos precisar trabalhar juntos para terminar logo. Drodag, indique o que precisa ser feito para a roldana ficar pronta o mais rápido possível, por favor. Estamos quase lá gente!

*A mestiça demonstrava realmente estar confiante mesmo que aparentasse um pouco de cansaço por ter utilizado bastante de sua energia mística, mas isso não era o suficiente para deixa-la abatida. Na verdade agora ela se concentrava em terminarem a missão e voltarem salvos e juntos, estando feliz de ver mais dos sobreviventes ali com eles. Ao receber a mensagem de Nelai a mestiça sorria empolgada, logo digitando rapidamente, ansiosa para contar para a companheira a novidade.
“Obrigada Nel, vamos improvisar roldanas e polias pra ficar mais fácil puxar você e os sobreviventes que faltam. Vou jogar uma corda pra você se amarrar com ela de novo, avise os outros sobreviventes e diga que vocês devem ir todos juntos dessa vez, combinado? Vamos sair daqui e logo todos podemos tomar sorvete juntos!”
Ellora logo enviava a mensagem e olhava para Nakir sorrindo de uma maneira tímida mas agradecida pelas palavras gentis do mesmo, corando com o toque no queixo e achando fofo a maneira como ele ronronava, a fazendo lembrar de um gatinho fofinho e murmurando.*

- Obrigada Nakir, é bom saber que dessa vez ser diferente não é algo ruim, e sim algo bom, até ganhei lindos elogios!

*Ela parecia realmente feliz com aquilo e se aproximava do felino para ajudá-lo, torcendo para que a ideia desse certo e logo pudessem finalmente sair dali todos em segurança. Ela jogava uma das cordas para Nelai novamente, e o resto entregava para Drodag para que ele as usasse no que estavam construindo, dizendo com o tom de voz gentil.*

- Quando você avisar que está pronta, vamos começar Drodag. Ok pessoal, vamos puxar os dois sobreviventes que faltam com nossa roldana, mas dois de nós precisamos puxar a corda com a Nelai, combinado? Pronto Nakir?