Cuidando dos negócios.

Parando de andar de um lado para o outro, Chris parou em frente a porta de sua sala e sorriu suavemente com as últimas palavras da mexicana. Não conseguia deixar de nutrir apreço por aquela mulher, ainda que não se conhecessem pessoalmente.

— Eu me arrisco tanto quanto qualquer um dos nosso irmãos. Assim como meu pai, há quem já tenha morrido pela causa; se tem uma chance de nos fazer progredir eu tenho que tentar. Se cuide também, Olívia. Da mesma forma, não hesite em me ligar, independente da hora.

Da mesma forma, desligou o walkie talkie e guardou. De frente para a porta, esfregou os olhos usando o indicador e o polegar, respirando fundo. Obviamente estava com medo daquela situação como um todo, mas não podia desistir agora.
Saiu de sua sala batendo palmas para atrair a atenção de seus homens.

— É isto aí pessoal, em um minuto irá ser 9:30, a empresa será lançada para investimentos na bolsa de valores e será oficialmente a estreia no mercado. Nossa tecnologia inovadora se espalhara pelo mundo em poucos dias! Vamos todos juntos trabalhar duro.

Ao fim de seu discurso, um sinal tocou, indicando que finalmente o horário chegou, dando o ponto de partida para a negociação das máquinas. Obviamente, jundo daquilo, o coração de Christopher disparou; oficialmente estava nadando num mar de tubarões.

A expectativa cresce. Pupilas se dilatam. Punhos se erguem num misto de celebração e nervosismo.

O aparelho pessoal de um dos funcionários altera o visor de horário. São 9:30 em ponto, e todos estão de prontidão como se fossem ir para algum tipo de guerra ou batalha. Nenhuma palavra sequer soa ainda que o ambiente esteja lotado.

— Ahm... senhor... o que fazemos agora? — Indaga aquele que olha fixamente para seu technophone, confuso. Não sabia exatamente o que esperar, mas de fato nada mudou.

Alguns se entreolham, perguntando-se o porquê de tanta expectativa. Os robôs não começaram a ser magicamente transformados em montanhas de dinheiro.

Um momento tão importante foi estragado pela pergunta sem sentido do operário. Entrabrindo os olhos, Christopher fazia uma óbvia cara de bosta.

— Como assim o que fazem? Produzem robôs, ora! Temos uma demanda a cumprir e um estoque para encher.

A fábrica era muito automatizada, mas homens precisavam fazer certas partes do serviço que exigiam perícia humana, tais como: teste de qualidade, controle de fluxo, transporte, etc.

O homem engole em seco ao notar a expressão desagradável de Christopher, olhando para os lados apenas para perceber que todos permanecem estáticos e aguardando ordens, mas sem realmente se prontificarem pra questionar algo ao chefe. O jovem parece envergonhado em insistir na pergunta, mas limpa a garganta antes de começar a falar novamente.

— Mas, sabe como é... Por onde começamos? — Pergunta enquanto utiliza o braço direito para coçar a própria nuca.

Estava começando a pensar que havia contratado pessoas com alzheimer. Respirou fundo, muito fundo mesmo, o máximo que seus pulmões poderiam aguentar, isto para não perder a paciência.

— Por que você ta me perguntando isso? Todo mundo, antes de ser contratado, passa pelo RH e eles dão um relatório dos seus serviços. Além de que vocês já construíram os modelos bases e eu supervisionei, tudo que precisam fazer é repetir o processo.

Pouco a pouco, os funcionários começam suas funções na linha de montagem e o novato, observando a operação, compreende-a aos poucos. A fábrica, ao menos de início, mostra sinais de prosperidade para um negócio que se inicia naquele ponto. No ritmo que seguem, os funcionários provavelmente conseguirão produzir o suficiente para que a companhia tenha um estoque.

Um homem grisalho aproxima-se de Christopher uma vez que tudo está nos eixos. Talvez o engenheiro o reconheça como aquele que o informou inicialmente sobre a espionagem que a Resistência vinha sofrendo, e agora com a abertura das fábricas ele se tornou bem mais frequente em Detroit.

— Christopher, olá. — Ele reverencia-o, ao mesmo tempo que tira de debaixo da camisa um colar com um pingente parecido com aquele que o engenheiro porta. Apenas para o caso de não ser lembrado. — Eu acho que Olívia já te disse que a resistência está enfraquecida na Ásia. Sabe... você é o único por aqui com um bom plano para impulsionar a causa, então eu acho que deveria ir lá para tentar impedir que nossos nomes vazem. isso poderia acabar com o que você está construindo aqui, entende?

Chris estava numa passarela que cruzava a fábrica por cima em seu interior, simplesmente checando os procedimentos para ver se estava tudo certo. Quando se deu conta da presença, virou-se e estendeu a mão para uma demonstração de coleguismo.

— Oh, você é aquele que me trouxe o presente do México. — Disse mais baixo para si mesmo, esperando ele terminar de falar o que gostaria. — Em primeiro lugar, gostaria de saber como posso chama-lo. Em segundo, o que você acha que eu vou conseguir fazer na Ásia? Tenho problemas o suficiente aqui, além de planos para serem postos em prática.