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De forma alguma, #7104. Não te digo isso para aliviar seu sofrimento e sim porquê não gosto de informações errôneas sobre minha administração. Já que é para informações serem repassadas, que ao menos não sejam imprecisas.
Você não é um experimento, é uma realização. E muito menos da Aliança, afinal eles não teriam culhões de fazer parte dessa realização.
A mulher que voltou a viver é parte de uma legião, assim como você. Acho que essas informações devem bastar para que continue seu caminho sem empecilhos psicológicos. Não tenho certeza, ainda não a compreendi totalmente.
Seus olhos se arregalaram por um curto instante ao ler "Assassinato", mas, honestamente, a criança nem estava tão surpresa assim, por isso foi um detalhe extremamente passageiro, no fundo a criança já havia aceitado aquela possibilidade a muito tempo.
Em vez disso, sua atenção se voltou para o que estava logo acima, o Projeto "A.G.N.A.K". Poderia aquilo estar relacionado ao símbolo da Aliança que encontraram dias atrás? Ou até mesmo das memórias que tinha do laboratório e do jaleco dos pais?
Mas, além disso, não se lembrava de mais nada. Era uma possibilidade favorável, mas carecia de provas.
- Entendo... - Falou lentamente, como que ainda refletindo sobre a informação. - Eu acho que tenho outra pista relacionada ao projeto e aos métodos científicos.
E pegou o Technophone, buscando a notícia sobre o símbolo estranho que encontraram caído no chão da nave, e que havia pedido ao Heylel para buscar informações sobre.
- Consegue procurar informações sobre esse símbolo?
Engasguei ao ver o símbolo. E a voz em minha cabeça não ajudava. A fúria formava um bolo no meu peito que travava minha respiração. Fiz um gesto com a mão para pedir tempo a Miyano.
¬ Que legião? Akemi teria me contado. Pior, ela nunca me usaria...
Senti minha voz falhar. Algo dentro de mim dizia que eu estava cometendo o mesmo erro que cometi com Heylel. Enfiei o rosto entre as mãos, esfregando-o com força.
¬ Então existe uma terceira organização. Akemi não era da Aliança ou da reconquista. Estamos lidando com a porra de uma terceira vertente? Por que isso não me surpreende?!
Joguei as mãos para o alto, num súbito raio de clareza. Saltei do banco, indo pegar o dispositivo que Burnes tinha me dado. Enquanto manejava para mandar uma mensagem, eu falava.
¬ Então ela nem deve ter sido pega pela aliança. Pode ser que algo deu errado. E meu nome não é 7104. Celes. Se está no meu corpo, seja ao menos educado. Miyano, eu te explico tudo depois. Mas catalogue todos os nomes e informações desse visor.
Miya queria perguntar para Celes o que estava acontecendo, mas sabia que a mulher não queria ser incomodada com esse assunto, por isso apenas fechou os olhos e se calou, mantendo a boca sobre controle.
Tudo tem seu tempo, e ainda não era hora de tocar naquele assunto.
- Meus pais usavam um uniforme com esse símbolo. - Declarou. Qualquer dúvida que Celes pudesse ter quanto à relação de Akemi com aquele símbolo seria esclarecida. - E eu já estive no laboratório deles quando eu era bem mais novo. Mesmo que a Aliança ou a Reconquista não saibam da minha existência, não há nada que garanta que eles não saibam...
Olhou novamente para as informações de Akemi Natsuno, suspirando.
- O Heylel se livrou da minha manopla digital. Acho melhor comprarmos outra já que estamos indo para Grandopolis.
— Desculpe, querido. — Diz uma voz doce distante. Aos poucos, a imagem se clareia e uma pele alva se revela. — Eu sei que não é uma experiência agradável. Não era pra você acordar agora.
Conforme os sentidos se recobram, uma sensação invade o tato de Miyano. Uma sensação inconfundível que apenas o toque terno de uma mãe pode reproduzir.
— Esses homens estão aqui para me ajudar com uma coisa, você não precisa se preocupar com nada. Apenas... mantenha a calma, eu tenho certeza que você vai voltar a dormir antes do efeito do anestésico passar. Segure minha mão e aperte-a se doer.
Dessa vez, o sentimento é ainda mais real do que no blackout anterior. Miyano pode sentir como se realmente estivesse lá e inclusive pode olhar para diferentes direções, apertar a mão de sua mãe e até tentar balbuciar algo. É impossível, entretanto, que realize qualquer movimento brusco pelo forte efeito anestésico.
— Amor, estamos tendo leituras estranhas. — Um dos presentes na sala com roupas especiais têm a voz masculina inesquecível de Connor. — Talvez devamos interromper o A.G.N.A.K.
Ele aproxima-se da maca aonde o pequeno está e, ao notar que ele têm consciência, olha alarmado para a esposa.
— A-Akemi... você sabe que isso é impensável. Precisamos interromper o processo imediatamente o ou...
Ele é interrompido por um forte pisão em seu pé. Akemi parece apreensiva e olha ao redor para certificar-se de que ninguém na sala ouviu a discussão silenciosa. Em seguida, lança um olhar para o marido que sem dúvidas é ameaçador.
Olhava aos arredores, novamente vendo seus pais. Sentia sua cabeça doer, e a mente parecia pesada demais para manter plena consciência, ainda fortemente sedado.
Não se lembrava de nada que seus flashbacks traziam, por isso se questionava se tudo aquilo que estava vendo era real, mas eram memórias específicas demais para simplesmente serem criadas do nada e pareciam exigir algumas "alfinetadas" igualmente específicas para que fossem... desenterradas.
Conseguia sentir o toque, mas, ao mesmo tempo, não sentia nada. Era como se fosse apenas algo registrado na memória, por isso era capaz de se lembrar das sensações.
Por mais nervoso, assustado e ansioso que a criança estivesse, sabia que não ia adiantar nada reagir. O melhor que podia fazer era lidar com aquele aperto no peito e sentimento de insegurança quanto às intenções dos pais, observando o máximo possível o que estava acontecendo.
"Então... eu faço parte do projeto?", foi seu primeiro pensamento, por mais que ainda se sentisse lerdo para raciocinar, como se houvesse nuvens densas atrapalhando o fluxo das ideias, mas seu segundo pensamento veio mais forte, quase sóbrio: "E a Maya?!"
Ao mesmo tempo que Miyano têm sua visão, o walkie talkie que Burnes forneceu emite um chiado. Uma voz rouca do outro lado demora, mas eventualmente se revela.
— V-Você... está realmente aí? — Ele indaga, claramente surpreso. — Eu tentei contato por dias. Imaginei que você teria se envolvido em algo ou desistido!
Apesar do tom, ele está sem dúvidas feliz. Depositou esperanças na garota, traiu seu código e também sua própria crença e no fim das contas achou que havia sido enganado. Era um conforto mental ouvir a voz de Melroa.
— Espere... você está em Gradopolis? Como entrou aqui?
Murmurei comigo mesma ao ter a confirmação do que já sabia. Então apenas concordei.
¬ É eu reconheço o símbolo. Longa treta.
Não reparei em seu estado "vegetativo" pois assim que ouvi a voz de Burnes senti um alívio profundo.
¬ Aconteceu algumas coisas, ser inimiga da Aliança e reconquista hoje não está fácil. E bem... Está falando com alguém que se esconde das duas maiores facções da galáxia. Tenho meus meios. Mas sinceramente? Preciso da sua ajuda. Um lugar pra ficar e preciso de acesso a rede. Não posso de jeito nenhum ser vista e estou com um... Com o menino de antes.
Miya acordou num sobressalto, com os olhos arregalados enquanto balançava a cabeça, feliz por finalmente conseguir se mover.
Tossiu devido ao movimento súbito. Queria perguntar para Melroa como sua mãe costumava ser, já que agora acreditava não conhecer os pais tão bem quanto costumava, mas decidiu esperar ela terminar a ligação.
Deveria falar sobre sua visão, ou ainda era cedo demais para aquilo? Como ela iria reagir ao descobrir que Miya - e provavelmente Maya - eram parte do experimento? Como Melroa ia agir quando soubesse que sua amiga de longa data usou os filhos como cobaia?
Nem mesmo Miya sabia como reagir, por isso preferiu negar tudo que pudesse causar desconfiança. Iria apenas fingir que tudo aquilo era um mal entendido e seguir em frente. Miyano precisava de um motivo para seguir em frente, e perder o único motivo não lhe seria benéfico.
Observou Celes, aguardando ela terminar a ligação.
O comandante aposentado demora para voltar a falar no walkie talkie. A loucura de ajudar na infiltração de uma possível membro da Reconquista era demais para ele, mas por algum motivo ela conquistou sua confiança depois da primeira vez em que a encontrou. Já estava velho, e aquele poderia ser um de seus últimos legados afinal de contas.
— C-Certo. Vou te buscar numa área isolada da cidade e te trazer para minha casa, mas você precisa ser muito discreta. Eu estou arriscando meus trinta e cinco anos de carreira em você, garota.
Sons de teclas sendo apertadas podem ser escutadas do outro lado. Ao mesmo tempo, Celes pode ter um vislumbre do que o Administrador a informou: diversas naves patrulham a órbita de Gradopolis numa segurança extremamente reforçada.
— Me encontre nas coordenadas 126KV1. Se trata de um antigo campo para tratamento de água, já desativado há muito tempo = é o único lugar que eu imagino que ninguém deve patrulhar. Você terá que abandonar sua nave lá e me encontrar do lado de fora.
De fato a criança não gostava muito de Burnes, provavelmente fruto da péssima primeira impressão, além de que a presença do homem despertava um sentimento de culpa na criança. Memórias ruins.
- Está certa, eu não gosto dele, mas é apenas algo pessoal. Não é como se ele estivesse errado... - Suspirou, admitindo aquilo mais para si mesmo do que para Melroa.
Estava hesitante se tocaria no assunto ou não, por isso decidiu fazer lentamente induzir ao tema.
- Então, M... Celes, você conhecia minha mãe, não é? Como ela era? - A criança tinha um olhar preocupado no rosto, típico de quem estava prestes a dar alguma má notícia e estava apenas suavizando o clima antes de vir com a bomba.
Melroa
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Assunto: Re: Bom dia, #7104. Seg Fev 25, 2019 1:16 am
Respirei fundo, pensando bem na pergunta. Aquele parecia um passado tão distante e artificial. Akemi foi minha mentora por um longo tempo e com ela eu lapidei meu dom com máquinas. E mesmo estando a, literalmente, anos luz de distância, pude receber também poucas doses de normalidade. Ver sua família e seus laços com elas me tranquilizou nas piores noites onde que sentia que perderia a insanidade de tanta solidão.
Lembrar daqueles sentimentos me deixou ainda mais sentida com tudo o que aconteceu naqueles dias. Mas acabei obrigando a mim mesma a superar tudo aquilo. Voltei a respirar fundo para me acalmar e fixei os olhos no caminho, sempre pegando a rota mais segura.
¬ Uma mulher muito inteligente e com gênio muito forte, ela era decidida e, em alguns momentos, uma boa professora. Tinha seus defeitos como todo ser vivo. Era mais de agir do que falar, extremo oposto do seu pai. Ele era um bundão sentimental.
Acabei soltando uma risada baixa e quase superficial demais ao me lembrar de quando eu era menor e implicava com o homem. Que por sua vez ficava sempre indignado. Ao ver que chegacamos ao ponto marcado, soltei um suspiro.
¬ Miyano eu não posso te pedir pra ser uma criança inocente para sempre. Não tenho poder pra isso. Mas ao menos quando estiver comigo está tudo bem em agir de forma mimada, eu estou aqui por você.
Miyano deu um risinho com o comentário de Celes a respeito do pai. Connor sempre era o lado sentimental da relação e provavelmente se preocupava mais do que deveria, especialmente com Maya.
Não era possível que pessoas tão dóceis usassem os próprios filhos de... cobaia. Deveria ter algum bom motivo, tinha que ter.
Suspirou. Não sabia se deveria compartilhar aquela lembrança, mas, como confiava em Melroa, decidiu se livrar daquilo de uma vez por todas.
- Eu... provavelmente sou parte desse experimento. - Engoliu a saliva, pausando por um momento. - Fizeram algo com minha memória e eu só lembro de fragmentos da minha infância, provavelmente para me proteger. - Ou ao menos Miya supunha que era uma forma de protegê-lo... Ou proteger o projeto. Com qual dos dois os pais realmente estavam mais preocupados?
Pausou por mais um momento ao perceber que haviam parado, tumultuando-se com o último pensamento. O quão bem conheciam os pais de Miya? Nem mesmo a criança tinha certeza se os conhecia realmente.
- Se Maya também faz parte do experimento, então... - "Devemos protegê-la", foi o primeiro pensamento, mas logo fora pisoteado por outro. - Devemos impedir que usem-na como moeda de troca. Se o objetivo deles é o projeto A.G.N.A.K, então uma hora virão até nós.
Passei a mão por minha bochecha, esfreagndo-a antes de por novamente nos controles.
¬ Imaginei algo assim. Embora eu preferisse acreditar que eles não seriam tão estúpidos a esse ponto. Escute Miyano, que seus pais amam completamente vocês dois isso é um fato. Mas adultos são dramáticos e burros e quando se sentem ameaçados. E o que os ameaçava é nossa Real preocupação. Então não fica encanado, tá bom?
Com uma mão, digitei o acesso para o canal de comunicação de Cody.
¬ Ôh lata velha enferrujada! Conseguiram pegar a Maya? Espero que sim porque ela e Miyano são alvos de alguém. Tenta não jogar ela num campo de batalha ou para a possível morte até eu ir busca-lá, beleza? E como estão as coisas em Vumihe? Vou ser obrigada a ir aí chutar sua bunda com a daquele Bostalhão da Datsu?
Ao terminar, fiquei em silêncio, focada no trajeto. Depois olhei para Miyano, dando de ombros.
¬ Que foi? Maturidade nunca foi meu forte mesmo.
Logo depois voltei a pegar o aparelho antigo e apertar o botão.
- Eu sei. Posso não saber o motivo, mas sei que tiveram suas razões, e eu prefiro confiar neles. Mas precisamos encontrá-los e saber o que está acontecendo. - Falou com calma, apesar das mãozinhas estarem tremendo. Nem Miyano tinha certeza se acreditava nas próprias palavras de consolo. - Não se preocupe comigo, eu consigo lidar com isso tudo...
Calou-se quando percebeu que Celes faria uma chamada, ouvindo atentamente enquanto tentava não fazer uma careta. Tudo que limitou-se a fazer foi dar um sorriso amarelo e declarar em pensamento: "Alguém no time precisa ser maduro, não é?"
As coordenadas do militar aposentado dão em uma antiga represa que, modernizada, era capaz de tornar potável a água do mar e ao mesmo tempo retirar a água do solo. Foi desativada depois de um escândalo de corrupção a envolvendo, e agora nada mais é do que moradia para alguns ratos e motel improvisado durante a noite.
É uma tarde nublada e com ventos fortes em Gradopolis. Enquanto sobrevoa a cidade, a dupla pode ver um pouco distante o grande shopping central da cidade que foi reduzido a cinzas pela última bomba terrorista da Datsu. Em outdoors holográficos, divulgam-se dados sobre a destruição massiva e sobre a morte de cinco pessoas que não conseguiram ser evacuadas.
Do lado de fora da represa abandonada, Burnes espera ao lado de seu próprio veículo. Enquanto aguarda, parece beber algo em um vidro característico de bebida alcoólica e constantemente olha temeroso para os arredores.
Assim que identifica a nave, acena para esta.
— Gulp-- Olá! V-Vejo que conseguiram furar as rondas da Aliança... hehe... --Icc--.— Ele está claramente tenso e um pouco embriagado. para um ex-soldado tradicionalista como ele, acobertar alguém com relações a favor da Reconquista é muito difícil. — Vamos indo, sim?
Estacionei a nave da melhor forma que pude para mantê-lá oculta. Usei a manopla para limpar vestígios e possíveis gravações na nave. Chamei Miyano para vir enquanto vestia um casaco.
Ao sair da nave, fiquei encarando a cena de Burnes com as mãos no casaco e uma cara de cu.
¬ O que isso Burnes? Tá achando que está numa festa? Estou me colocando em risco com um bêbado! Minha sorte com homens é una porra mesmo.
Arrumei a alça da mochila em minhas costas, nela eu carregava algumas coisas, dentre delas café.
Miyano desceu logo atrás de Melroa, mantendo-se próximo à ela. Não gostava de Burnes, e vê-lo naquele estado deplorável não ajudou a melhorar essa opinião.
Provavelmente compartilhava do mesmo sentimento de Melroa.
Ao ouvir o comentário da moça, deu leves puxadinhas em seu casaco para chamar sua atenção, encarando-a lá de baixo com seus grandes olhos curiosos e inocentes, enquanto fazia uma pergunta com um certo tom de tristeza:
- Isso também vale para mim? - Melroa provavelmente tinha se esquecido de que Miyano era homem.
Apesar da embriaguez, Burnes parece beber o líquido como água. É evidente que o encontro na nave-mãe deixou cicatrizes para ele, especialmente por ter visto perecer pessoas que admirava e considerava suas sucessoras. A aliança que ele antes ostentava no anelar esquerdo já não está presente.
— E-Espere... é você mesma? — Ele duvida por alguns instantes quando ela deixa o veículo e balança a cabeça para confirmar se o que vê é real. Se não fosse pela voz, acharia que é outra pessoa, mas no momento bota a culpa no álcool. — Tá diferente. Alguma coisa aconteceu?
Ele então têm ciência de que ela percebeu seu óbvio estado de embriaguez e certamente fica encabulado com a situação.
— Desculpe mas você me pegou de surpresa. Eu não esperava que fosse te encontrar de novo, muito menos acompanhada dessa garotinha. — Ele rapidamente esconde a bebida no bolso quando avista Miyano. — Não me lembro de conhecê-la, é sua filha? Qual o seu nome, mocinha? — Dirige-se ao próprio por último.
Na presença da criança, o soldado aposentado prefere não mencionar as experiências que ele e Melroa têm em comum, até por ser um assunto delicado e traumático para ele mesmo. Mal sabe que está diante do assassino de seus companheiros.
Melroa
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Assunto: Re: Bom dia, #7104. Ter Fev 26, 2019 12:24 am
Torci o nariz ao sentir o cheiro do álcool. E ao sentir e ouvir Miyano, mordi a língua. Retirei um boné da minha bolsa, colocando-o em sua cabeça para esconder seu rosto.
¬ Você é um anjo, não conta. E principalmente não se torne como eles.
Levei a mão até a testa, lembrando que tinha feito a cirurgia. Soltei o ar, sentindo o cansaço fazer efeito.
¬ Longa história. E é um menino, bem... É quase isso.
De repente a felicidade por vê-lo foi substituída por decepção. Ele tinha claramente caído em depravação. E parte daquilo era minha culpa. Peguei minha antiga máscara e usei para cobrir parte do meu rosto junto com o tapa olho. Sabia que Miyano estaria desconfortável e pude ver o mesmo em Burnes. Então assumi o controle.
¬ Datsu está agindo rápido. Precisamos nos apressar. Preciso de você, sóbrio de preferência. Se falharmos então sua neta vai herdar apenas um futuro caótico e de guerra.
Guiei Miyano para dentro do veículo e guardei minhas coisas.
¬ Vamos, eu dirijo se precisar.
Então aí ver que não tinha resposta de Cody, temi pelo pior. Deixar Vumihe Boik nas mãos de dois fanáticos da Datsu claramente não era bos ideia. Liguei a manopla.
¬ Mora? Por favor responda. Você está bem?
Heylel
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Assunto: Re: Bom dia, #7104. Ter Fev 26, 2019 10:21 am
Spoiler:
Meu celular ta sem sinal nessa porra, então vou enviar a resposta do Cody por aqui mesmo já que não posso avisar no zap que respondi la no outro topico, qualquer coisa eu deleto depois, flw vlw!
-Você não cansa de encher o saco não é mesmo? Bem, o quadro da Maya está pior, pelo diagnostico ela está em coma. O que causou isso é um total mistério, ela não desperta faz 4 dias terráqueos então sua alimentação está sendo feita a partir de sondas, infelizmente ninguém conseguiu descobrir o que provocou isso já que em seu corpo não foi perceptível nenhuma anomalia, é como se ela estivesse dormindo e nada mais e isso é muito estranho... Descobriu algo dos arquivos que o Boss te passou? Por acaso você repassou as informações de Tuntau para Batu? É importante, sem isso eles vão ser massacrados pela Aliança já que a Gutaro caiu, a vida daqueles Okros está nas suas mãos, sem querer botar pressão nem nada, foi só para lembrar mesmo, você é meio cabeça-oca esquecida.
Miyano não havia percebido a ausência da aliança, na verdade nem sabia do valor simbólico que o anel carregava e não havia feito questão de observar Burnes em nenhum momento, e agora muito menos.
Inflou as bochechas com uma expressão brava. Por que todos achavam que ele era uma garota?
- Eu SOU um menino! - Falou, emburrado.
De qualquer forma, entendeu o gesto de Melroa em lhe oferecer o boné, por isso não o retirou. Melroa não queria expor a criança, por isso preferia que ela escondesse o rosto o máximo possível.
— Oh, desculpe parceiro. Depois dos 50 você já não tem a cabeça tão boa, sabe? — Ele lamenta, envergonhado. Talvez fosse o estado de embriaguez agindo. — E tudo bem, melhor você dirigir. Estou morando a a cinco quadras daqui virando a direita.
Ele conforta-se no modelo antigo de carro elétrico que não atinge velocidades muito altas. É visível que Burnes é um tiozão a julgar por seu veículo, uma vez que está cheio de enfeites, acessórios cafonas e até um bonequinho cabeçudo acima do porta-luvas. Ao lado do banco do motorista, a foto de uma jovem garota que aparenta ter três ou quatro anos.
— Você sabe algo que não sabemos sobre a Datsu? — Ele pergunta, ainda desconcertado por permitir que alguém que faz ou já fez parte da Reconquista entrar em seu carro. Pior, ajudou-a a bloquear a segurança de Gradopolis.
Primeiro ajudei Miyano a entrar no carro e então segui até o banco do motorista. Dei uma risada, meio nervosa e desesperada, ao ver o interior do carro. Enquanto dirigia, seguindo instruções do soldado, o observava pelo canto do olho.
¬ Poucas coisas, mas o suficiente para não confiar em seus métodos. Eu desertei da reconquista. Eles acham que estou morta. Por isso mudei meu rosto.
Puxei mais a máscara para tampa-lo, como se dependesse daquilo pra não ser reconhecida.
¬ A reconquista está em colapso, dividida por conta desses radicais e se afundando cada vez mais.
Olhei para a fotografia da menina, provavelmente a neta do qual ele me falará. Passei o resto da viagem calada. Apertei o comunicador em meu ouvido, escutando o recado de Cody e torcendo o nariz. Muito receptivo para quem planejava me matar. Fiz um gesto para que todos ficassem em silêncio, enfatizando para Burnes.
¬ Que saco? Tu literalmente não tem saco. E eu sei o que causou isso, ela vai ficar bem enquanto estiver segura. Sim descobri e estou lidando com isso. E eu poderia dizer o mesmo para Vumihe. Devo assumir que se juntaram a Datsu já que não foram mortos, ou por não estar ouvindo uma porradaria. Por que seu poder de persuasão se limita a Heylel. E pode deixar que não me eesqueci!
E desliguei. Cinco segundos depois me virei nos 30 pra enviar uma mensagem digitada para Batu.
"Estou enviando um canal de acesso para o canal de comunicação da Aliança para o seu planeta. Coordenadas, turnos de vigilância. Você pode desmonta-los e expulsa--los daí. Mais uma coisa: Não confie em Heylel e Cody. Não se quiser liberdade para o seu povo. Espero ter ajudado e desejo boa sorte."
Terminei de digitar e enviar assim que cheguei a casa de Burnes.
Assunto: Re: Bom dia, #7104. 
Dom Fev 24, 2019 1:52 pm
